Três estudantes mineiros vão fazer Medicina na Rússia


Selecionados por uma das melhores universidades do mundo são de BH, Ipatinga e Juiz de Fora


TONINHO ALMADA
FLÁVIO HENRIQUE
Flávio Henrique, 19 anos, pretende se especializar em pesquisa genética
O frio será intenso, a língua, muito estranha, mas, até agora, além da saudade de familiares, o maior problema será a falta do pão de queijo. É com essa visão bem-humorada que três estudantes mineiros, de Belo Horizonte, Ipatinga e Juiz de Fora, estão encarando o desafio que se aproxima. Eles foram selecionados pela Aliança Russa, entidade que representa universidades estatais russas, para estudar Medicina na Universidade Médica de Kursk (Kypck, em russo), considerada uma das melhores do mundo. Eles estão em um grupo de 25 estudantes brasileiros que embarca no próximo dia 1º de fevereiro.

O estudante Flávio Henrique Silva Marques, 19 anos, que mora no Bairro Cidade Nova, em Belo Horizonte, contou que ficou sabendo da oportunidade pela Internet e decidiu se arriscar. “Os parentes do meu pai acharam que é uma coisa do outro mundo. Mas, depois, todos aceitaram bem”.

Flávio Henrique disse que pretende se especializar em pesquisa genética e, daqui a seis anos, se tudo der certo, volta para trabalhar no Brasil. Ele contou que as aulas serão ministradas em Inglês, língua que domina após intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos, mas que já estuda o idioma russo.

“Um dos grandes desafios será o frio”, revela. Questionado se sentiria falta de pão-de-queijo, não teve dúvidas: “vou levar uns pacotes congelados”.

Sem namorada, disse que, pela Internet, viu garotas russas muito bonitas. “Mas o objetivo principal é o estudo”, desconversa.

Jean Vitor Alves Guimarães, também de 19 anos, mora em Ipatinga, no Vale do Aço, e disse que tomou conhecimento da oportunidade por um programa de televisão. “Entrei no site e fiz minha inscrição. Já tinha até esquecido, quando recebi o comunicado de que fui selecionado”. Ele disse que fez o exame do Enem mas não chegou a ver o resultado.

Quanto à reação da mãe, Maria José, disse que ela ficou muito chateada ao saber que o filho irá para longe. “Depois ela entendeu e agora está torcendo por mim. Pretendo me especializar em pediatria ou neurologia”, disse. Da mesma forma, revelou que, além do frio e da saudade da mãe, sentirá “uma falta danada do pão de queijo”. Ele fala Inglês e também está aprendendo o idioma cirílico (russo). “A alimentação de lá é à base de vegetais, principalmente de beterrabas, que eu não sou muito chegado”.

O terceiro é Rodrigo Dias Paes Magalhães, 18 anos, que mora em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Ele conta que, apesar da sua idade, seus pais, Rose e Magno, aprovaram sua decisão em estudar Medicina na Rússia. “O frio não é o maior problema. Vou sentir saudades da família e do pão de queijo”, admite.