Rodoviários de BH decidem parar na segunda


Em campanha salarial, categoria não aceita proposta de 8% de aumento oferecida pelos patrões em Belo Horizonte


LUIZ COSTA
assembleia dos rodoviários
Motoristas e cobradores devem trabalhar em escala mínima de 20% do efetivo durante o movimento
Motoristas e cobradores de ônibus da capital decidiram nesta quinta-feira (10), em assembleia da categoria, entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (14). O Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte está em campanha salarial e pede aumento de 16%. Os patrões oferecem 8%. Com a greve, será feita escala mínima de 20% do efetivo no trabalho.

Os trabalhadores pretendem manter o movimento grevista até que haja acordo com o sindicato patronal. Um motorista ganha hoje R$ 1.258 e cobrador, R$ 630.

O coordenador de Finanças do Sindicato dos Rodoviários, Ronaldo Batista, diz que, além do aumento de 8% no salário, os trabalhadores querem aumento do vale-refeição e melhoria nas condições impostas para pagamento de participação nos de lucros das empresas.

“Eles (os patrões) querem que nós retiremos as ações trabalhistas para requerer participação nos lucros. Além disso, definiram que só vão receber aqueles trabalhadores que não se envolveram em acidentes ou qualquer outro tipo de ocorrência em 2010”, afirma o sindicalista.

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que os sindicalistas ainda não enviaram comunicado referente à paralisação. Segundo a entidade, além de 8% aumento no salário e em benefícios, os patrões propõem pagamento de R$ 300 como participação nos lucros para funcionários que ganham mais de R$ 1 mil, e de R$150 para quem ganha menos. Como ainda não foi comunicado sobre a greve, o Setra-BH informou que não tem preparadas novas propostas de negociação com a categoria trabalhadora.

Já antevendo a possibilidade da deflagração da greve dos rodoviários da capital, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) enviou um ofício, nesta quinta mesmo, ao Ministério Público Estadual. A CDL solicita a interferência dos promotores para que seja assegurada a continuidade do serviço de transporte público.

Segundo a CDL, o prejuízo para o comércio belo-horizonte sem os ônibus circulando pode chegar a R$ 18,7 milhões por dia. “Com a paralisação no sistema de transporte coletivo, muitos comerciantes podem não conseguir abrir as portas, já que os funcionários não conseguirão chegar ao local de trabalho”, afirmou o vice-presidente de relações institucionais da CDL, Marcelo de Souza e Silva. “O prejuízo pode chegar a 30% do faturamento diário, que é de R$ 62 milhões”, completou.

De acordo com a BHTrans, Belo Horizonte conta com 2.854 ônibus, distribuídos em 296 linhas convencionais. Cerca de 1,5 milhão de pessoas são transportadas diariamente pelos coletivos transitam de coletivos.


Ainda segundo a empresa, os 285 micro-ônibus que atendem 25 linhas suplementares continuam rodando normalmente durante a greve dos rodoviários.