Presos promovem quebradeira na cadeia de Manhumirim

Promotor de Justiça Fábio Santana
Delegado Engel Rebouças
 

Vinte e cinco presos da cadeia de Manhumirim promoveram quebradeira e colocaram fogo em colchões e cobertores na tarde desta quinta-feira, no interior da unidade prisional. A pequena rebelião foi motivada pelo atraso na visita e também por causa de presos que não estariam recebendo o tratamento adequado contra tuberculose.
A confusão começou por volta de 11 horas da manhã. Do lado de fora da cadeia, familiares aguardavam desde as 08:30 para a visita que acontece nas quintas-feiras. No interior do presídio, os detentos ficaram revoltados por causa da demora e a falta de explicações.
Segundo os guardas da cadeia e os agentes penitenciários não foi possível dialogar com os detentos. Eles começaram a danificar as celas com chutes e pancadas, atearam fogo em colchões, travesseiros e cobertores e começaram a xingar e ameaçar policiais.
FAMILIARES
Do lado de fora, a cena também era complicada. Familiares ouviam a confusão e percebiam a movimentação policial. A irmã de um dos presos, Isabel de Moura, falou em nome dos familiares e contou que havia dois presos com tuberculose e não estariam recebendo tratamento adequado. “Falaram conosco que iam fazer os exames em todos os detentos na segunda-feira, dia 02. Não fizeram nada ainda. Queremos os exames de todos os presos para termos certeza de que não há mais presos com tuberculose”, afirmou reclamando que agentes penitenciários não explicam o que acontece e as autoridades não os atendem. Além disso, o grupo reclamou de condições precárias de higiene da cadeia e da superlotação.
O delegado Dr. Engel Rebouças explicou que a situação foi totalmente controlada e que os casos dos presos doentes estão sendo acompanhados. “O caso de tuberculose é de um preso com confirmação e o outro que fez o exame quarta-feira. Eles estão isolados e estão sendo medicados dentro do tratamento adequado. Agora serão transferidos para outra unidade com mais condições de atendimento para o problema de saúde deles”, garantiu.
ATRASO NA VISITA
Dr. Engel Rebouças explicou que a rebelião dos presos foi motivada pelo atraso na visita dos familiares. Manhumirim estava sem policial ou agente penitenciaria femininas para fazerem as revistas nas mulheres que queriam visitar seus parentes.
“Os presos fizeram o motim sem dar tempo de saber o que estava acontecendo. Eu não tenho uma profissional para fazer a revista e, portanto, não poderia liberar a entrada sem essas buscas. Tentei explicar isso aos presos, mas eles se rebelaram sem nem esperar para saber o que estava acontecendo. Já fiz um contato em Manhuaçu, foi designada uma agente e tudo já está resolvido”, afirmou.
Segundo os policiais militares que fizeram as buscas depois da rebelião, foram encontrados oito chuços (pedaços de ferro afiados nas celas 02, 06 e 07 e uma tesoura na cela 05. Vinte cinco detentos foram identificados como envolvidos na rebelião e nos danos causados na cadeia.
Para o Promotor de Justiça. Dr. Fábio Santana, não havia necessidade dos presos se rebelarem como fizeram. “Foram muito afoitos. Ninguém ficou ferido e apenas foi feita uma varredura nas celas pela Polícia Militar para verificar os danos e avaliar se não restaram objetos que pudessem ser usados como armas”, afirmou.
Sobre a superlotação, ele lembrou que esse é um problema generalizado e que não existe solução fácil. “É uma realidade de Manhumirim e da maioria das unidades prisionais do estado. O mesmo que temos aqui é verificado em Manhuaçu. Vemos um esforço do Estado, mas a criminalidade é alta e faltam vagas. É um problema muito maior e bastante complicado”, resumiu.
Depois da rebelião, ficou definido que uma agente penitenciária de Manhuaçu irá uma vez por semana em Manhumirim no dia das visitas para fazer as revistas.
Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com


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