Imóvel do século XVIII recebe obras emergenciais para evitar depredação e risco de desabamento
PREFEITURA DE BARBACENA
A Fazenda do Registro Velho, tombada como patrimônio municipal e federal, está ameaçada
Um dos patrimônios históricos mais importantes de Minas Gerais, a Fazenda do Registro Velho, em Barbacena, começou a receber, nesta semana, obras emergenciais de escoramento de paredes e cobertura de lona no telhado. Embora o imóvel seja particular, as intervenções para evitar maior depredação do prédio, que corre risco de desabamento, estão sendo realizadas pela prefeitura, que contratou uma empresa especializada para executar o serviço.
"A fazenda tem grande importância histórica”, afirmou a advogada-geral de Barbacena, Luciana Araújo. O contrato para a realização das obras, que devem ser concluídas em 60 dias, prevê o investimento de R$ 45 mil na proteção de emergência na sede da fazenda. O imóvel poderá ser doado ao município após a solução de impasses entre proprietários e o poder público. “Por ser particular, temos grandes dificuldades para obter recursos”, alegou Luciana Araújo.
Na primeira fase das obras, estão sendo retirados os entulhos e os escombros da área dos fundos do imóvel. O trabalho emergencial está sendo acompanhado por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Ministério Público Estadual.
As negociações para as obras de proteção da Registro Velho começaram em novembro do ano passado, com uma reunião envolvendo representantes dos ministérios públicos Estadual e Federal, da Prefeitura de Barbacena, da Fundação Antônio Carlos (Fundac), do Iphan e dos proprietários da fazenda.
Tombada como patrimônio público municipal e federal, a sede da Registro Velho é uma construção do início do século XVIII e constitui um dos mais importantes prédios históricos do Estado. Na fazenda, hospedaram-se, entre outros, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e o imperador Dom Pedro I, além do naturalista e viajante francês Auguste de Saint-Hilaire e do cientista alemão naturalizado russo Georg Heinrich von Langsdorff.
Levantamentos históricos apontam que a Registro Velho pertenceu ao padre Manoel Rodrigues da Costa, que participou da Inconfidência Mineira. A fazenda, que teria sido fundada em 1702, por Manoel de Sá, também é apontada como um dos focos mineiros da Revolução Liberal de 1842. Naquele ano, Barbacena foi escolhida como sede do governo revolucionário, que, em contraponto ao Partido Conservador, defendia ideias inovadoras e lutava por maior autonomia das províncias.