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IPATINGA MG - Sem-teto provocam medo e reclamações de moradores Casal alega dificuldades para encontrar trabalho e retomar “vida normal”

13/01/2011 - 00h01

Victor Tancredo
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O grupo de sem-teto transformou o antigo estacionamento em lar


IPATINGA – Um imóvel entre a avenida Castelo Branco e a rua Eucaliptus, no bairro Horto, está em completo abandono. Desde o final do ano passado a área, que já abrigou supermercados e um atacadista de material de construção, tornou-se a moradia de diversos andarilhos e moradores de rua. Eles tomaram conta do ambiente. Lá, os sem-teto dormem, se alimentam e fazem suas necessidades.
Moradores e comerciantes das redondezas mostram-se preocupados com a situação, alegando que os novos “inquilinos” estariam trazendo diversos transtornos àquela comunidade. Segundo eles, os ocupantes fazem uso frequente de drogas e bebidas alcoólicas. “Eles estão usando muita droga no lugar, inclusive o crack, que os deixa agressivos. Quem não oferece ajuda sofre ameaça. Moradores e comerciantes daquela área estão com medo e ficam com receio de sofrer agressões”, disse a jornalista Fernanda Rezende, moradora do bairro.
A Associação de Moradores do Bairro Horto/Santa Mônica (Amoh) encaminhou ofício à direção regional do Bretas – proprietário do terreno – pedindo providências, uma vez que o número de sem-teto no ponto só aumenta. Também foram encaminhados documentos com o mesmo teor às secretarias municipais de Assistência Social e de Serviços Urbanos e Meio Ambiente.
Bretas
A assessoria de Comunicação da rede Bretas, proprietária da área, informou ao DIÁRIO DO AÇO que tomou conhecimento do problema. Em nota, foi informado que “as medidas foram imediatas e o Bretas já estaria providenciando isolamento do local e solicitado apoio da Polícia Militar para retirada dos ocupantes”.
Segundo a presidente da associação, Cássia Albuquerque, em novembro, quando começaram as reclamações da população, ela foi até o local e constatou que apenas um casal ocupava a área. Atualmente, estariam morando cerca de 10 pessoas no estacionamento do antigo supermercado. 
A prefeitura informou, por meio da assessoria de Comunicação Social que, pelo fato de o terreno ser uma propriedade particular, a administração fica impedida de fazer qualquer tipo de intervenção.



Victor Tancredo
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Edna e Márcio alegam possuir um terreno no Esperança, mas não têm dinheiro para subir uma casa e por isso vivem na rua


Casal já vive há nove meses nas ruas


A reportagem do DIÁRIO DO AÇO esteve no local na terça-feira e conversou com alguns dos ocupantes da área, para saber dos motivos que os levaram a morar naquela região. O casal Márcio de Souza e Edna Maria de Souza está morando na área há aproximadamente três meses. Os dois disseram ter sido os primeiros a chegar ao local, mas que aos poucos o ponto foi sendo “descoberto” por outros moradores de rua que passaram a dividir com eles o “mesmo teto”. Edna disse que, hoje, há dez 10 pessoas habitando o antigo estacionamento.
Márcio contou que é pedreiro, mas que não consegue emprego já tem algum tempo. Em 2008, ele e sua esposa foram tentar a vida em Belo Horizonte. Ficaram por dois anos na capital mineira, trabalhando como catadores de material reciclável. Segundo Edna, lá eles estavam conseguindo uma renda melhor do que quando moravam em Ipatinga, alimentando o sonho de juntar dinheiro para terminarem o “barraco”.
Ela disse que antes de irem para BH morava com seu marido numa casa improvisada, construída somente com tábuas, localizada na rua 8, no Bairro Esperança. Edna conta que quando voltaram para a terra natal, as tábuas haviam sido roubadas e o terreno só não foi vendido porque a escritura está no seu nome. 
Diante desse infortúnio, ela e o marido passaram a morar nas ruas do Vale do Aço há nove meses. “Você acha que a gente gosta de morar na rua? Lógico que não! Como não temos condições, vamos ficando na rua. Se eu tivesse 13 telhas, nove madeirites e oito caibros, com certeza construía minha casa de novo. Mas infelizmente ninguém dá emprego para quem está na rua. Hoje o que conseguimos catando papelão mal dá para comprar comida”, desabafou.
Edna, grávida de quatro meses, disse que sonha em sair da rua para dar condições dignas ao filho que vai nascer. “Meu marido é trabalhador. Tudo que a gente queria era oportunidade, mas nessa cidade parece que pobre não tem vez. Já estou nessa situação já tem bastante tempo e ninguém nunca fez nada para tentar melhorar minha situação e do meu marido”, resumiu.
Questionada se já teria procurado algum órgão de assistência social do município, Edna informou que um grupo de uma igreja do bairro Esperança estaria olhando a sua situação.
Acusações Sobre as acusações dos moradores do Horto de que o local estaria se tornando um reduto para usuários de drogas, o casal negou que faça qualquer uso de drogas, embora tenha confirmado que outras pessoas que habitam o local o estariam fazendo.
“A única coisa que eu e minha mulher usamos é cachaça, não nego. Mas vai viver na rua pra você ver! É difícil demais. Acaba sendo um jeito para esquecer os problemas que a gente vive todos os dias”, confessou Márcio, aparentemente embriagado.


Victor Tancredo
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Moradores das redondezas reclamam dos ocupantes por uso de drogas e bebidas alcoólicas




Repórter : Victor Tancredo