Pulseira do equilíbrio pode dar multa de até R$ 1,5 milhão

A pulseira se tornou popular após ser usada por esportistas como Rubens Barrichello
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Quatro meses após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir publicidade atribuindo propriedades terapêuticas à pulseira "bioquântica" - conhecida como pulseira do equilíbrio (Power Balance) -, dezenas de sites de venda ainda anunciam efeitos milagrosos do acessório na internet. A Anvisa convocou a população a denunciar propaganda enganosa, que será imediatamente tirada do ar, e que pode render multa de R$ 2 mil até R$ 1,5 milhão para as empresas.
No Rio, vendedores fazem até teste para supostamente comprovar a eficácia do adorno, que traria mais concentração, equilíbrio e força. Embora a filial australiana da fabricante Power Balance tenha divulgado nota admitindo não ter comprovação científica dos resultados, por aqui as vendas seguem a todo vapor.
Conforme determinação da Anvisa de 3 de setembro, embora a comercialização seja liberada, está suspensa a propaganda dos efeitos nos meios de comunicação. O órgão vetou a publicidade por haver orientações de uso terapêutico não comprovado. Sites que descumprem a determinação podem ser denunciados pelo telefone 0800-6429782.
A distribuidora oficial da Power Balance no Brasil, On the Beach, alega que sua publicidade está de acordo com as normas da Anvisa e que está tomando medidas judiciais contra sites que veiculam propaganda enganosa. Segundo a empresa, a Power Balance não afirma que os produtos da marca não funcionam, sendo a nota divulgada na terça-feira um caso restrito à Austrália.
A polêmica não reduziu o interesse do público. Ana Maria da Cruz vende até 20 pulseiras semelhantes por dia no camelódromo da Uruguaiana. "Acho que agora vou vender mais ainda", disse. Dono de loja de joias no Centro, Antonio Horácio diariamente comercializa 15 pulseiras. "Tem gente que compra e recorta o holograma para colocar em pingentes", contou, mostrando relógio que traz o selo no mostrador.
"Falso equilíbrio"
O zagueiro Fernando, do Vasco, usa a pulseira desde 2008. "No período que fiquei sem usar, sofri grave lesão. Ano passado voltei a usar e passei a temporada sem lesões", disse. Funcionários de loja que vende a pulseira, Douglas Muniz, 36 anos, e Elias Carvalho, 69 anos, testam o produto para céticos. "Quando forçamos os braços para a frente, a pessoa desequilibra. Com a pulseira, não", afirmou Douglas.
A pesquisadora Sandra Baron, doutora em Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF) atribui o resultado descrito pela marca a efeito psicológico, de autossugestão. "A pessoa acredita que terá mais equilíbrio, então ela busca atitudes que proporcionem isso", disse.
"Acredito que a pulseira seja baseada em magnetoterapia. Mas não há provas de que a pulseira funcione", afirmou o fisioterapeuta da Academia Evidence, Renato Valença.