"Nada justifica o que ela fez", diz delegado sobre auxiliar que decepou dedo de criança no Mandaqui 02/02/11

Em linha de investigação divergente daquela adotada pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem) de São Paulo, para a Polícia Civil do Estado o acidente em que uma auxiliar de enfermagem cortou parte do dedo de uma criança de um ano é, “em princípio”, lesão corporal culposa (não intencional) e apenas de responsabilidade da profissional. O caso foi registrado no último domingo (30) no hospital Geral do Mandaqui, na zona norte da capital.
Em entrevista ao UOL Notícias ontem (31), o presidente do Coren-SP, Claudio Alves Porto, havia dito que uma sindicância aberta pela entidade averiguaria se também outros profissionais, ou mesmo o hospital, teriam de alguma forma contribuído para o episódio com a criança.
“Independentemente de qualquer coisa anterior ao ferimento, no atendimento, nada justifica o que ela fez --por imprudência, imperícia, o que for, mas aconteceu, e fica a questão focada pontualmente na profissional”, afirmou o delegado do 20º Distrito Policial, no bairro Água Fria, Rubens Barazal Teixeira.
Nesta terça-feira (1º), Teixeira solicitou ao hospital documentos como o prontuário de atendimento da paciente e também dados sobre a jornada de trabalho da profissional --que, há mais de 10 anos na instituição, segundo a secretaria de Estado da Saúde, nunca havia tido registro de algum tipo de infração.
“Hospital e Coren devem ter as suas apurações internas, e, se houver fatos novos, a polícia vai encaminhar isso ao Ministério Público, que agora analisa o caso; para nós, porém, é algo muito pontual a responsabilização --o que vai pesar de fato é se, de repente, houver a constatação de que houve dolo (ou seja, propositalmente) na lesão”, disse o delegado. “Além do mais, quem colocou a tala na mão da criança, ainda que tenha feito incorretamente, jamais poderia imaginar um resultado desses --que poderia ter sido evitado se as cautelas necessárias tivesse sido dotadas.”
Para o presidente do Coren-SP, por exemplo, o tipo de tesoura utilizada ou mesmo a bandagem feita de modo a esconder as extremidades dos dedos da criança seriam falhas a serem investigadas.

Sindicância no Coren

Por meio da assessoria de imprensa, o conselho informou nesta tarde que o depoimento da auxiliar e de outros profissionais do Mandaqui, na sindicância, só devem começar quando hospital e secretaria de Estado encaminharem à entidade a documentação que subsidie a análise do conselho. O hospital também instaurou uma sindicância em âmbito administrativo, durante a qual a auxiliar ficará afastada temporariamente das funções.
A criança, internada no Mandaqui, será encaminhada ainda esta semana para tratamento especializado no Hospital das Clínicas de São Paulo, confirmou nesta tarde a assessoria do HC-USP.