Protesto de moradores fecha pista do Anel Rodoviário

Moradores e Sindicato dos Caminhoneiros cobram obras emergenciais para evitar acidentes na via


FREDERICO HAIKAL
manifestação no anel rodoviário
Manifestação durou cerca de 30 minutos e teve apoio da PMRv, que interditou o trânsito
O Anel Rodoviário de Belo Horizonte foi palco de mais um protesto popular, no final da tarde desta sexta-feira (4). A via ficou fechada por cerca de 30 minutos, no sentido Rio de Janeiro/Vitória, nas proximidades do Bairro das Indústrias, na Região do Barreiro. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Minas Gerais e contou com a participação de cerca de 50 moradores. Três pistas foram fechadas.

O trânsito só foi barrado porque homens da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) bloquearam a pista, evitando que os manifestantes fossem atropelados pelos veículos. O congestionamento se estendeu por cerca de cinco quilômetros.


Durante o protesto, os populares cobraram do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a realização de obras emergenciais para evitar acidentes, como o da sexta-feira da semana passada, quando cinco pessoas morreram.


O vice-presidente do sindicato, Roger Leite Teixeira, disse que a entidade e os moradores vão entregar, na próxima semana, ao Dnit, um abaixo assinado cobrando a redução da velocidade máxima de circulação permitida na via, de 70 km/h para 50 km/h para caminhões e carretas. Além disso, querem que o órgão instale placas indicando que o trecho dos primeiros dez quilômetros, partindo do Bairro Olhos D’Água, é perigoso e tem retenção de trânsito em função do afunilamento da pista.


A moradora Leda Clara Duarte, 44 anos, que mora há pelo menos 40 anos no Bairro das Indústrias, disse que se até o mês de março o Dnit não iniciar as obras emergenciais, os moradores vão entrar na Justiça com pedido de liminar, responsabilizando o órgão pelos acidentes que virem a ocorrer.


O caminhoneiro Carlos de Souza Bragança, 50, apesar de ter ficado parado no congestionamento, apoiou a manifestação dos moradores e chegou a ajudar a parar os outros veículos. Ele contou que trafega pelo Anel Rodoviário duas vezes por semana e que sempre presencia imprudência dos motoristas.


Pela manhã, operários do Dnit iniciaram os trabalhos de instalação de mais radares fixos no Anel Rodoviário. Agentes PMRv estavam afixando faixas nos primeiros sete quilômetros da via, entre os bairros Olhos D’água e Industrial. Ao todo, foram instaladas 20 faixas com os dizeres: “Caminhões e ônibus obrigatoriamente na faixa da direita”; “Trecho com grande índice de acidentes”; “Fiscalização de radares”. Mas nem mesmo as placas indicativas e a presença de policiais conseguiram inibir as irregularidades dos caminhoneiros.


Cristiano Piovesena, que conduzia um caminhão com placa de Caxias do Sul (RS), foi multado por trafegar na pista da esquerda e estar sem o cinto de segurança. As duas multas são graves, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O motorista considerou a multa por transitar pela esquerda injusta. “Não conheço a cidade e errei o caminho. Quando fui voltar para a faixa da direita, fui multado”, reclamou.


O vereador Paulinho Motorista (PSL) disse que, em conjunto com o Ministério Público Estadual, está movendo uma Ação Civil Pública contra o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. O objetivo é responsabilizar o ministro pelas mortes que acontecerem daqui para frente no Anel. (Colaborou Fernando Zuba)