Bebê dado como morto aparece vivo em hospital em Pernambuco, diz avó


Família diz que foi informada da suposta morte da criança por funcionário.
Hospital nega e diz que adolescente visitava a filha até semana passada.

Luciana RossettoDo G1, em São Paulo
Um mês depois de ter recebido a notícia da morte da neta recém-nascida, a dona-de-casa Joana Darc Gonçalves, de 36 anos, teve uma surpresa nesta quinta-feira (24). O Hospital Dom Malan, em Petrolina (PE), comunicou à família que a menina estava viva no berçário da instituição.
A filha de Joana, uma adolescente de 16 anos, deu à luz uma menina no dia 19 de fevereiro. A criança nasceu aos seis meses e com dificuldade para respirar, sendo encaminhada para o berçário do hospital. No dia seguinte, a adolescente teve alta e disse à família que foi informada por um funcionário que a menina havia morrido.
Falaram que abandonamos a menina no hospital. Passou mais de um mês e ninguém nos procurou. Eles erraram"
Joana Darc Gonçalves, dona-de-casa
“Hoje, eles ligaram para o posto de saúde dizendo que minha filha tinha abandonado a criança no hospital. Eu fui lá e minha neta estava viva mesmo. Minha filha agora ficou lá com o bebê”, disse a dona-de-casa. “A gente não esperava por uma coisa dessas, mas foi uma notícia boa saber que minha neta está viva.”
Segundo Joana, a família ficou em choque com a morte da criança e muito preocupada com o estado de saúde da adolescente, que estaria se recusando a sair de casa, com depressão e com vergonha de ir para a escola porque perdeu o bebê.
“Eu estava tão preocupada porque minha filha estava sofrendo, que nem lembrei de pedir a papelada para enterrar minha neta. Fiquei tão atordoada que também não pedi nada para o médico para saber o que tinha acontecido, porque a menina nasceu com baixo peso e fraquinha. Eu sabia que ela tinha morrido, mas nem pensei que tinha que ter procurado o hospital”, disse.

Outro lado
A dona-de-casa reclama da demora do hospital em procurar a família. “Falaram que abandonamos a menina no hospital. Passou mais de um mês e ninguém nos procurou. Eles erraram”, afirmou.
O diretor do Hospital Dom Malan, Marcelo Marques, confirma que a adolescente recebeu alta no dia 20 de fevereiro. “A jovem continuou acompanhando a filha até a semana passada. Ela tirou leite para a criança durante todo esse tempo, até o dia 17 de março, quando parou de ir. Antes, ela estava indo ao berçário regularmente, amamentando o bebê. Pelo prontuário médico, temos a informação de que a mãe sabia que a criança estava viva e vinha ao hospital acompanhá-lo”, afirmou ao G1.
A jovem continuou acompanhando a filha até a semana passada. Ela tirou leite para a criança durante todo esse tempo, até o dia 17 de março, quando parou de ir. "
Marcelo Marques, diretor do hospital
Quando a jovem parou de ir, o hospital teria acionado o Serviço Social para entrar em contato com a família. “O contato foi feito hoje [quinta-feira]. Elas vieram ao hospital e disseram que a jovem falou que o bebê havia morrido. Fizemos uma investigação interna e não identificamos nenhum funcionário que poderia ter dito à adolescente que a criança morreu”, afirmou o diretor.
Para Marques, a jovem tentou esconder da família que a criança sobreviveu. “Nossa preocupação é que a criança seja bem acolhida. Acreditamos a adolescente tenha rejeitado a filha para falar que a menina faleceu. Vamos encaminhar uma assistente social para acompanhar essa família e ajudar essa mãe adolescente a reencontrar seu bebê”, disse.
Sofrimento
Sobre as acusações do hospital, Joana garante que a filha não estava confusa e que viu o sofrimento dela porque achou que a menina tinha morrido.
“Jamais minha filha teria abandonado essa criança. E mesmo que ela não quisesse o bebê, eu já criei tantos filhos, criaria mais um também. Você acha que eu deixaria minha neta largada assim no hospital?”
Joana afirma que não registrou queixa na polícia e não sabe se vai tomar alguma ação contra o hospital. Ela só espera trazer a neta logo para casa. A recém-nascida, que se chamaria Maria Heloísa, vai se chamar Vitória. “Foi uma vitória para ela. O bebezinho sobreviveu sozinho, ficou sem ninguém no hospital, mas tinha família”, disse.