Polícia apura morte de bebê após atendimento médico


Duas horas após ser liberado do hospital com quadro de cólica intestinal, recém-nascido, com dificuldade de respirar, morreu


GOVERNADOR VALADARES - A Polícia Civil de Guanhães, no Vale do Rio Doce, instaurou inquérito para apurar a morte do recém-nascido Carlos Eduardo Rodrigues dos Santos, de 17 dias. Ele morreu duas horas depois de ser atendido pelo Programa de Saúde da Família (PSF) do Bairro Milô, quando o médico identificou um quadro de cólica intestinal. A criança foi liberada mas, com dificuldade para respirar, não resistiu.

Segundo a mãe do menino, Brena da Silva Maia Santos, de 17 anos, Carlos Eduardo foi medicado com um remédio contra gases. Em casa, piorou. “Quando resolvemos levar para o hospital, a garganta dele já estava inchada e meu filho nem se mexia. Fizeram de tudo, mas ele morreu”.

A jovem denunciou o caso à polícia. Segundo ela, um enfermeiro do PSF teria informado que o estado de saúde da criança era grave, mas o médico pediatra Inácio Gonçalves de França, de 66 anos, teria apenas receitado medicamentos. “Se tivesse dado o encaminhamento para o hospital antes, talvez meu filho estivesse vivo”, lamentou a jovem. “Acho que meu filho nem conseguiu engolir o remédio. Ele começou a ficar todo molinho e roxo. Fui correndo pedir para um vizinho me levar ao hospital”.

Brena da Silva
Brena da Silva com a foto do filho: suspeita de erro médico (Foto: Samira Cunha/Folha de Guanhães)

A delegada Meire Moreira, responsável pela Divisão de Crimes Contra a Pessoa, informou que o médico deverá ser intimado a prestar esclarecimentos no início de junho. Os pais do bebê e o enfermeiro já foram ouvidos. Só depois de todos os depoimentos, um médico legista da polícia vai apontar se houve erro médico, negligência ou omissão de socorro. “Podem ser vários fatores. Temos que ver se o médico tem ou não responsabilidade”, afirmou a delegada.

Atestado aponta parada cardiorrespiratória

Na quarta-feira (25), o procedimento adotado pelo pediatra começa a ser analisado pelo Comitê de Investigação de Mortalidade Materno Infantil, encabeçado pela Coordenadora Municipal dos PSFs, Claudiana de Azevedo, e o Secretário Municipal de Saúde (SMS), Moacir Teixeira Rosa Soares. “No atestado de óbito, consta que a criança teve uma parada cardiorrespiratória. Não conversamos com o médico ainda”, informou Claudiana.

Inácio Gonçalves trabalha no município desde o fim do ano passado. Procurado pela reportagem, informou que o recém-nascido já havia passado outras três vezes pela unidade de saúde e que, na última vez, diagnosticou que a criança tinha distensão abdominal. “Prescrevi medicamento, mas logo depois pedi que ligassem para a casa da mãe do bebê para que o internassem imediatamente. Fizemos tudo o que tinha que ser feito, mas infelizmente houve esse óbito”, explicou.
 


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