Raio mata homem dentro do banheiro de barracão
A descarga elétrica entrou pela janela, destruindo parcialmente a parede, e atingindo Nourival de Jesus Batista
Um homem de 45 anos morreu, na noite da última terça-feira (18), depois de ser atingido por um raio enquanto escovava os dentes dentro do banheiro de um barracão. A descarga elétrica entrou pela janela, destruindo parcialmente a parede, e atingindo Nourival de Jesus Batista, que estava em um alojamento da fazenda Duas Barras, onde funciona uma empresa de mineração.
O incidente aconteceu no município de Olhos D´água, a 100 quilômetros de Montes Claros, no Norte de Minas. Segundo a Polícia Militar, o raio também matou três animais que estavam debaixo de uma árvore, próxima ao alojamento da empresa.
De acordo com dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Minas Gerais é o terceiro estado do Brasil em número de pessoas mortas atingidas por raios desde 2000, e a tendência é que a quantidade de descargas elétricas aumente nos próximos anos no país.
Entre 2000 e 2010, houve 102 mortes por raios no Estado. Os líderes do ranking são São Paulo, com 230 mortos, e o Rio Grande do Sul, com 106. O crescimento das cidades e o aquecimento da Terra são os dois principais fatores, já que, com o calor, nuvens mais carregadas se formam nas camadas mais baixas da atmosfera. Nuvens mais baixas são sinônimo de raios.
Entre 2000 e 2009, o Brasil registrou 1.321 mortes por raios, 99 delas (ou 7,49%) em Minas Gerais. Os dados são do Elat. De acordo com o órgão do Inpe, todos os anos o Brasil registra cerca de 50 milhões de raios – 80% caem na Primavera e no Verão, entre outubro e março.
Dados do Inpe apontam também, que a probabilidade de um jovem ou adulto morrer por um raio é o dobro da de uma criança ou idoso. Estar na zona rural ou na urbana também altera as chances de ser ou não atingido por um raio: na área rural, a probabilidade é dez vezes maior. Do total, 81% das vítimas são homens e 19%, mulheres.
De acordo com o meteorologista Arthur Chaves, da Cemig, em dias de temporal é prudente se afastar de postes de iluminação, árvores, cercas de arame farpado e, se estiver na água (praia ou piscina), a melhor coisa a se fazer é ir imediatamente para um local seguro.
A água, em especial a do mar, salgada, é altamente condutora de eletricidade, e raios que ocorram no oceano a até cinco quilômetros de distância podem provocar choques nas pessoas. Os aparelhos eletrônicos devem ser desligados das tomadas, em especial nas casas sem para-raios.
Outras precauções, em caso de raios, são evitar falar ao telefone, principalmente os fixos com fio, pois o fio transporta a corrente elétrica de um raio. É sempre recomendável utilizar, dentro de casa, o telefone sem fio.
O maior perigo é ficar em local descampado, como campos de futebol e pastagens. Se não for possível entrar em uma residência, é melhor ficar agachado no chão, com as mãos na nuca e os pés juntos ou entrar em um automóvel, mantendo sempre as janelas fechadas.
Ainda segundo Arthur Chaves de Paiva Neto, a relação entre aumento das temperaturas e incidência de raios é direta. Isso porque, as descargas surgem do atrito entre as gotas de água e o gelo, que é mais intenso quando as nuvens se formam mais próximo da Terra. Nesses estágios, as nuvens, especialmente no Verão, formam-se mais verticalmente – o nome técnico é Cumulus Nimbus.