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IML confirma que restos mortais são de empreiteiro


Ele estava desaparecido desde o dia 9 de janeiro e os restos foram encontrados em um abatedouro clandestino de animais


FLÁVIO TAVARES
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Adão dos Santos é acusado de ser o principal responsável pelo assassinato
O Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte confirmou que os restos humanos encontrados no dia 21 de janeiro passado em uma área descampada, entre as cidades de Sabará e Caeté, nas proximidades de Ravena, são do empreiteiro Sebastião Maximinio dos Santos, 52 anos

Ele estava desaparecido desde o dia 9 de janeiro e os restos foram encontrados em um abatedouro clandestino de animais. No laudo final remetido para a Polícia Civil, o IML informa que Sebastião foi morto por asfixia com um fio metálico e teve o corpo carbonizado. A conclusão foi permitida por exame comparativo de DNA. Depois de morto, o empreiteiro teve seu corpo destruído em um "microondas", formado por pneus.

O pedreiro Adão Silva dos Santos, 49 anos, que está preso preventivamente, foi acusado de ser o principal responsável pelo assassinato do empreiteiro e deve ser ouvido novamente no inquérito, já que ainda não confessou a autoria do crime.

Ele foi indiciado por prática de crime de extorsão mediante sequestro e, se for a julgamento, poderá ser condenado a uma pena que vai dos 24 aos 30 anos de prisão.

A Polícia Civil investiga a hipótese de que o pedreiro, que conhecia a vítima há mais de 15 anos e trabalhava para ele, tenha matado Sebastião Maximinio com a ajuda de outras pessoas que estão sendo procuradas. O empreiteiro teria sido mantido em um cativeiro e submetido a espancamentos e ameaças de morte para que assinasse documentos de transferências de veículos e bens imóveis e entregasse cartões bancários e de crédito, com senhas, permitindo que o suspeito, Adão Silva, fizesse saques de R$ 15 mil em suas contas bancárias.

O pedreiro teria repassado alguns bens e até dinheiro para pessoas de sua família e amigos o que, segundo a delegada Cristina Coelli, da Delegacia de Desaparecidos, poderá aumentar o número de pessoas indiciadas por envolvimento indireto no crime.

A delegada confirmou a informação de que outras pessoas teriam ajudado o suspeito a manter a vítima em cativeiro sob ameaças, e depois matá-la. Elas estão sendo procuradas e podem ser presas a qualquer momento. "O empreiteiro era um homem forte e lutador de karatê, e o pedreiro não seria capaz de matá-lo sozinho e depois levar o corpo para o lugar onde foi queimado", argumentou.

A Polícia Civil informou que o pedreiro, apesar de todas as evidências de seu envolvimento direto no assassinato, continuava tentando manter a versão de que a vítima havia viajado para o Paraná, para fazer negócios. Por isto esta previsto um novo depoimento, para que ele explique o fato de ter tentado tomar posse de imóveis, de veículos, de ter sido surpreendido com documentos pessoais da vítima em seus bolsos, e até fazer saques bancários, sob a alegação de que "antes de viajar, o empreiteiro teria concordado em passar esses bens porque ia ficar muito tempo fora".

"Alem disto, o pedreiro estava tomando posse de imóveis e até móveis do empreiteiro e se preparava para mudar, levando objetos da vítima", disse a delegada Coelli. "Sabemos que a vítima foi mantida sob sequestro na casa onde morava, na parte de baixo, onde teria sido torturada, ameaçada e submetida a espancamentos para que concordasse em assinar documentos e entregar cartões e senhas bancários. Ele distribuiu veículos, dinheiro e outros bens do empreiteiro para amigos e até parentes e, por isto, acredito que mais de dez pessoas deverão ser indiciadas no inquérito. Mas o principal é encontrar as pessoas que ajudaram o pedreiro a executar Sebastião, transportar o corpo, e depois queimar o cadáver com pneus. O inquérito está bem adiantado, mas temos ainda outros trabalhos importantes pela frente".

A delegada confirmou a informação de que outro suspeito de participação no caso chegou ser preso mas, depois de ser ouvido, foi dispensado. Ela se recusou a fornecer o nome de um delegado aposentado que teria algum tipo de participação no crime, sob a alegação de que não existem provas do envolvimento no caso e que uma mancha encontrada em um veículo dessa pessoa ainda está sendo examinada, e não está provado de que seja de sangue.