Maioria dos brasileiros é contra a descriminalização das drogas


O brasileiro não demonstra ser favorável à descriminalização das drogas nem à união de pessoas do mesmo sexo, como revela pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgada ontem. Entre as 2.000 pessoas entrevistadas, 78,6% não desejam que as drogas sejam descriminalizadas e 53,8% não apoiam a legalização da união civil entre indivíduos do mesmo gênero.

A avaliação ouviu brasileiros de 136 municípios de 24 Estados, entre 7 e 12 de agosto de 2011 - com margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Os dados divulgados ontem mostram ainda que 45,2% dos brasileiros acompanham debates sobre a descriminalização das drogas e que 16,6% ignoram a questão. Entre os entrevistados, 37% afirmaram ter "ouvido falar" sobre discussões a respeito dos entorpecentes ilícitos.

Para o advogado Leonardo Günther, do Coletivo Princípio Ativo - grupo que organiza a Marcha da Maconha em Porto Alegre (RS) -, a posição da maior parte da população contra as drogas reflete uma falta de informação.

"As pessoas não têm real dimensão sobre ser favorável à criminalização ou descriminalização", diz, considerando que as discussões partem de perspectivas moralistas.

Segundo ele, é importante compreender que, "quando existe demanda, o mercado cria a oferta". "O Estado se nega a regulamentar um mercado que existe e não vai acabar nunca. Estou falando de qualquer droga ilícita. Quando não regula, não tem um Estado que coloca jurisdição, é a lei da força que vale", afirma.

Günther aponta ainda a inflação no sistema carcerário brasileiro. "O Poder Executivo abandonou a estrutura de prisões. Mas são criadas leis para aumentar a prisão", afirma.

Segundo ele, há sensacionalismo quando se fala de drogas, como apontar o traficante como o "inimigo público número 1". "Trinta por cento dos homens presos têm relação com o tráfico e 78% foram presos sem antecedentes e com pouca quantidade de droga", revela, ressaltando que muitos seriam usuários de droga.

União gay.Para 56,3% dos entrevistados, o casamento entre pessoas do mesmo sexo também não deve ser aprovado pelo Congresso Nacional. Mesmo que a união formalizada seja aceita, 55% dos brasileiros são contra a possibilidade de adoção por casais do mesmo sexo.

Segundo Walkíria La Roche, coordenadora especial de Políticas de Diversidade Sexual do Estado de Minas Gerais, os números não provocam espanto. "Infelizmente, a cultura do nosso país é machista, homofóbica, racista. O respeito às uniões é um dever do cidadão brasileiro", opina.

Por outro lado, há indícios de que a mentalidade esteja mudando. Em fevereiro de 2005, 60,3% dos brasileiros não eram favoráveis à união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Para Walkíria, é um "absurdo" um casal homossexual ser proibido de adotar. "Tem casos de mulheres heteros jogando criança em bueiro, lixo e até hoje não houve nenhum casal dito homossexual praticando isso", afirma.
LEI
Para 86%, maioridade penal deve ocorrer aos 16
O brasileiro demonstra estar menos tolerante com os jovens menores de idade que se envolvem com a criminalidade. De acordo com a pesquisa do instituto Sensus, 86% dos 2.000 entrevistados em 136 cidades dos 24 Estados do país defendem que a maioridade penal passe dos atuais 18 anos para os 16 anos.

Há quatro anos, 81,5% dos brasileiros entrevistados disseram que 18 anos não deveria ser mais a idade mínima para responsabilizar os criminosos e que preferiam que fosse adotada a idade de 16 anos. Os dados foram resultado de um estudo realizado no país em abril de 2007.

A pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta ainda que apenas 12,5% dos brasileiros querem atualmente a manutenção da maioridade penal aos 18 anos.

Uma das possíveis explicações para esses resultados, de acordo com Ricardo Guedes, diretor do instituto de pesquisa Sensus, que executou o levantamento para a CNT, é o aumento da violência nos grandes centros urbanos.

"A avaliação da segurança pública piorou assim como a expectativa de melhoria dela", justifica o diretor do instituto Sensus. (AJ)
Sem acesso à internet
A maioria dos brasileiros – 55,1% – ainda não tem acesso à internet. Mas entre os internautas do país, a maioria acessa a rede mundial de computadores diariamente – 60,1%. Em seguida, vêm os internautas que acessam a rede apenas alguns dias por semana – 23,2%. Ainda segundo a pesquisa, 39,2% sempre acessam um blog de notícias e 30,1% o fazem às vezes.
Orkut ainda lidera no paísAs redes sociais mais populares entre os brasileiros são, na ordem, os sites de relacionamento Orkut, Facebook e Twitter. De acordo com a pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem, 64,5% dos internautas brasileiros mantêm atualmente uma conta no Orkut, 37,4% têm conta no Facebook (sendo que alguns também têm Orkut) e 20,8% estão no Twitter (alguns também têm Orkut e/ou Facebook).
Um terço livre da webDe acordo com o levantamento, 35,9% dos brasileiros entrevistados disseram que não têm nem pretendem ter internet, enquanto 19,2% disseram não ter acesso à rede mundial de computadores, mas que têm a intenção de tê-lo nos próximos 12 meses. Entre os internautas brasileiros, 21,4% têm acesso em casa, 17,6% em casa e no trabalho, 3,4% no trabalho e 2,7% não responderam.
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