Bebê maxacali morre esfaqueada no colo do pai por índio embriagado

Após o crime, que ocorreu na aldeia de Santa Helena de Minas, houve confusão e três pessoas ficaram feridas


WESLEY RODRIGUES/ARQUIVO
maxacali tribo
Tribo Maxali é palco constante de desavenças entre os índios
SANTA HELENA DE MINAS – A polícia está à procura do índio Solimar Maxakali, de 27 anos, acusado de ser co-autor do crime que resultou na morte de um bebê de nove meses e deixou saldo de outros três feridos a facão, na aldeia de Santa Helena de Minas, Vale do Mucuri, na manhã de quinta-feira (10). O principal acusado é Milton Maxakali, de 58 anos, que foi preso logo depois de fugir de um hospital da região onde deu entrada com ferimentos leves. A Fundação Nacional do Índio (Funai) investiga as circunstâncias do crime que para a polícia foi motivado pela embriaguez dos indígenas.

De acordo com informações da Polícia Civil em Águas Formosas, o crime aconteceu na madrugada de quinta-feira, na Aldeia Cachoeira, que fica dentro do território Pradinho, em Santa Helena de Minas. Milton Maxakali contou ao delegado Rafael Ramos Nalin que sua intenção era matar Ivan Maxakali, de 35 anos, que “vivia implicando com ele”, mas acabou acertando, sem querer, a menina Júlia Maxakali, de nove meses, que estava nos braços do pai. A criança morreu no local e foi sepultada ainda na quinta-feira, dentro da aldeia, após rituais indígenas.

Depois da morte, os índios começaram a brigar entre si e outras pessoas foram feridas. Ivan foi levado para o Hospital Municipal Raimundo Gobira, em Teófilo Otoni, em estado grave. Submetido a uma cirurgia na cabeça para fechamento do corte feito a facão, recebeu alta no final da tarde de nesta sexta-feira (11), informaram assessores do hospital. Outras duas pessoas também ficaram feridas na confusão - Nazinha Maxakali, de 48 anos, que é mulher do acusado Milton, e Antônio José Maxakali, de 68 anos, pai de Ivan. Eles foram atendidos no Hospital Cura D'ars, de Machacalis e liberados no final do mesmo dia.

Segundo o assistente técnico e coordenador substituto da Funai em Governador Valadares, Vilson Benedito de Oliveira, as desavenças entre os Maxakali são frequentes, embora a gravidade como a ocorrida não seja um fato recorrente. Apesar disso, avisou que vai esperar relatório que será enviado por Adilson Andrade, chefe da Coordenação Técnica Local (CTL), em Santa Helena de Minas, para se posicionar sobre o assunto e afirmar se a confusão foi mesmo provocada pela embriaguez dos indígenas.

O Boletim de Ocorrência da Polícia Militar (PM), relata que a confusão começou depois que vários índios consumiram bebida alcoólica dentro da aldeia. “Preliminarmente sabemos que ocorreu uma desavença familiar, entre grupos que não se entendem”, limitou-se o coordenador regional. A manutenção ou não da prisão do índio Milton será avaliada pelo poder judiciário que deverá analisar se é inimputável (não pode ser preso por não responder pelos seus atos) ou não. Ontem, segundo o coordenador da Funai, o clima na aldeia Maxakali era de aparente tranquilidade.


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